“Minha vida nunca foi fácil e nem creio em nada fácil”
No dia 2 de março de 1950, quando Valdemiro Batista dos Santos nasceu em Lagarto, o pai, seu Filadelfo Batista dos Santos, puxava cobra pros pés, como se dizia antigamente da atividade de enxada dos agricultores, e a mãe, dona Izabel Dórea de Góis, cuidava da casa e de uma pequena bodega da família. Ele era o antepenúltimo de uma família de seis – um já faleceu.
Hoje, quase 68 anos depois, a roça de seu Filadelfo e a bodega de dona Izabel não cabem mais naquele menino lagartense de riso fácil, solícito e nunca triste. Aliás, quase que nem o antigo Valdemiro coube mais nele mesmo. E mudou-se profundamente. Encurtou o nome, virou Miro, e alargou os horizontes da vida e dos negócios, embora em simplicidade ainda traga os mesmos traços do garoto do interior. E quase zero empáfia. É gente simples.
Ao lado da esposa e de cinco filhos, em 25 anos de atuação empresarial Miro Santos botou de pé o Grupo Presidente, preencheu-o com 21 postos de combustíveis bem fornidos, uma transportadora desses produtos – a Transpresidente – com 70 caminhões próprios – e duas emissoras rádio, – as do Grupo Fan, antigas Liberdade.
Durante o ano de 2017, o Grupo liderado por Miro Santos abasteceu 7,2 milhões de litros de combustíveis em média mensal para os sergipanos e quer fechar 2018 com 8,5 milhões de litros mensais. Para tanto, Miro pretende ver seu Grupo ir de 21 para 25 postos nos próximos 12 meses.
Com estas atividades todas, o Grupo Presidente apresenta excelentes índices de desempenho para uma empresa sergipana: é o maior pagador de ICMS de Sergipe no setor de combustível, gera 850 empregos diretos, fatura R$ 350 milhões por ano, faz uma família inteira trabalhar unida, ombro a ombro, como na emergência de uma lavoura da origem de Miro, e ainda dá asas a uma fantástica obra social, atendendo a sete mil pessoas por ano – é o caso do Centro de Integração da Família – Ceinfa -, que Miro e os dele tanto gostam, mas não saem por aí alardeando.
É casado com Alba Silva
Mas se você está pensando que Miro Santos teve uma vida de catar algodão doce no caminho, mole, saia fora. “Minha vida nunca foi fácil e nem eu creio em nada fácil”, diz ele, logo na introdução da conversa. E Miro não está fazendo figuração ou gracinha quando diz não ter encontrado facilidades para dar os primeiros passos.
Na infância, vendeu picolé em Lagarto. Mal entrou na adolescência e aos 13 anos Miro já beijava a graxa e óleo de uma oficina em Aracaju como um mecânico mirim, para onde foi trazido por um dos irmãos, José João Batista. Quer mais evolução no perfil daquele menino? Foi de cobrador de ônibus a motorista de táxi, de comerciante de carros seminovos a até chegar no ramo de gasolina, no qual instalou a primeira bomba na Coelho e Campos em 1993.
Miro Santos é casado com Alba Silva e pai de Sandro Silva dos Santos, Ricardo Silva dos Santos, Alba Jeane Silva Cardoso, Luciana Neres da Silva Sá e de Valdemiro Batista dos Santos Filho. É avô de 7 netos. Nada melhor para conhecer este personagem empreendedor da vida sergipana do que lendo a entrevista que Miro concedeu ao JLPolítica na última sexta-feira. Avance…
Nasceu em 2 de março de 1950
JLPolítica – O senhor nasceu em Lagarto, em 1950. A vida do senhor foi fácil até chegar aqui?
Miro Santos – Minha vida nuca foi fácil e nem eu creio em nada fácil. Foi tudo com muita dificuldade. Vendi picolé nas ruas em Lagarto e aos 13 anos vim para Aracaju e fui cobrador de ônibus. Depois, mecânico de automóveis e, em seguida, saí para ser motorista de táxi. Era mesmo muito difícil.
JLPolítica – E foi a partir desse aprendizado que o senhor foi parar na área de automóveis, de revenda de seminovos?
MS – Sim. Eu gostava muito de automóveis, e isso gerou em mim o interesse pelo mercado nesta área.
DE VENDEDOR DE PICOLÉ A MECÂNICO
“Vendi picolé nas ruas em Lagarto e aos 13 anos vim para Aracaju e fui cobrador de ônibus. Depois, mecânico de automóveis e, em seguida, saí para ser motorista de táxi. Era mesmo muito difícil”
JLPolítica – E isso nasceu com que empresa?
MS – Nasceu com a Miro Automóveis, que durou de 1985 até 1996. Foram 11 anos.
JLPolítica – Qual o exemplo de seu Filadelfo Batista dos Santos e de dona Izabel Dórea de Góis, seus pais, na sua vida?
MS – Eles foram bons exemplos de seriedade e de trabalho. Eles foram trabalhadores rurais e tinham uma bodega, na pequena propriedade, que era a minha mãe que cuidava.
Dá asas a uma fantástica obra social
JLPolítica – Talvez o seu tino para o negócio venha daí…
MS – É o que todo mundo acha, e creio que muito mais da minha mãe.
JLPolítica – Como lhe surgiu a ideia do primeiro posto, nascido na Coelho e Campos, no mesmo espaço da loja?
MS – Eu sempre tive ligado à atividade do automóvel, da qual eu gostava, mas pensava que quando eu “me ausentasse” – no sentido de morrer -, não teria um substituto e meus filhos iriam passar necessidade, porque o setor de automóvel requer mais conhecimento em comprar e vender. Então pensei em montar o posto de combustível. A minha estabilidade e da minha família viria através do posto, onde todos poderiam trabalhar e manter, crescendo.
OS ENSINAMENTOS QUE TRAZ DOS PAIS
“Eles foram bons exemplos de seriedade e de trabalho. Eles foram trabalhadores rurais e tinham uma bodega, na pequena propriedade, que era a minha mãe que cuidava”
JLPolítica – O senhor implantou um posto ou comprou um posto usado?
MS – Eu implantei. Eu tinha o terreno onde funcionava a Miro Automóveis e comprei algumas áreas vizinhas. Quando vi que havia área suficiente e que a legislação permitia a instalação de um posto ali, acabei procurando a Distribuidora Petrobras e logo fizemos o contrato.
JLPolítica – O posto teve a bandeira BR a vida inteira?
MS – Sim. Sempre fomos 100% BR, porque a qualidade do combustível dela é incontestável. Passa confiança, e isso já era meio caminho andado. Além de ser uma empresa brasileira, claro, independentemente do que se passou com ela nos últimos anos. Nós confiamos nela. E também tem uma capacidade de investimento, de ampliação dos postos em nível de Brasil, que atrai muito os revendedores. A BR tem o maior número de postos do Brasil.
Ao centro, a mãe, Izabel Dórea de Góis
JLPolítica – O senhor defende o ponto de vista de que tudo na vida tem que ter ética. Esse seria o segredo para prestar um bom serviço no ramo de combustível?
MS – Sim, não abri mão isso. Além da honestidade, a transparência. O treinamento da equipe, para que preste um bom atendimento e sane as dúvidas dos clientes e com o mercado, porque querendo ou não, é um ramo que querem marginalizado, já que todo consumidor tem algo a se queixar de um posto. E então você tem que ter uma equipe preparada para atender o que a legislação determina.
JLPolítica – Na Rede Presidente, o consumidor tem 100% de segurança de que o produto é perfeito?
MS – Sim, tem. Os nossos produtos são testados. Nós temos obrigação de guardar amostras testemunhais do que chegou. Tem, por lei, que estar tudo lacrado pela Petrobras, com nota fiscal, e temos por obrigação guardar essas amostras por até cinco dias para servir de contraprova caso algum cliente venha duvidar da qualidade do nosso produto.
O AUTOMÓVEL, A DEDICAÇÃO E O MEDO
“Eu sempre tive ligado à atividade do automóvel, da qual eu gostava, mas pensava que quando eu “me ausentasse” – no sentido de morrer -, não teria um substituto e meus filhos iriam passar necessidade”
JLPolítica – E isso já aconteceu?
MS – Sim, e nós fomos inocentados. Temos um programa chamado “De olho no combustível”, que verifica, mensalmente, a qualidade do produto e as condições das bombas e tanques, para dar mais segurança ao cliente, que vê a marca do programa estampado no teto do posto para identificar que aquele estabelecimento já foi verificado durante o mês. E, caso o cliente solicite, a gente tem que fazer essa avaliação na hora.
JLPolítica – A qualidade da gasolina e do diesel é apenas o que conta de importante nesta área, neste tipo de prestação de serviço?
MS –Esses produtos combustíveis são commododities, aqui e no mundo todo. Os preços sempre causam polêmica, mas são idênticos uns aos outros, já que os custos de operação também são idênticos. O que faz o diferencial, então, é o atendimento. E a gente procurar atender melhor o cliente, além de oferecer outros serviços, como troca de óleo, auto center, revisão e etc.
Tem duas emissoras de rádio, – as do Grupo Fan, antigas Liberdade
JLPolítica – Esses outros serviços agregam valor?
MS – Sim, agregam. A gente tem que procurar, em momentos de crise como o que estamos vivendo hoje, valorizar o metro quadrado do posto em rentabilidade para que possamos passar ilesos por esses instantes.
JLPolítica – É complicado ajustar uma boa qualidade de mão de obra nesse segmento?
MS – Admito que é. Porque a gente não tem uma oferta de currículos com nível superior, em decorrência de o salário não remunerar bem. A gente tem dificuldades no cumprimento da jornada, porque alguns têm que trabalhar durante a noite. Geralmente quem procura trabalho em posto são pessoas que não tiveram sucesso em outros empregos.
COMBUSTÍVEL BR É INCONTESTÁVEL
“Sempre fomos 100% BR, porque a qualidade do combustível dela é incontestável. Passa confiança, e isso já era meio caminho andado. Além de ser uma empresa brasileira, claro. Nós confiamos nela”
JLPolítica – Mas Grupos fortes como o Presidente não fazem algo paralelemente para mudar esta realidade?
MS – No nosso caso, sim. Nós temos um programa de incentivo, de valorização, de treinamento. Temos, inclusive, avaliadores ocultos, pessoas que são contratadas para avaliar o atendimento. E com a remuneração, premiação e treinamento estamos conseguimos melhorar os níveis de atendimento. Isso é perceptível pelas pessoas que são atendidas pela Rede Presidente, o que termina sendo bom para todos.
JLPolítica – Qual é o grau de responsabilidade de empregar 850 pessoas numa atividade essencialmente de varejo como esta?
MS – Olha, é de fato uma responsabilidade muito grande. Hoje a gente vê que é sofrido. Estamos num cenário de queda de vendas de combustíveis de 8%, embora tivéssemos um acréscimo de 30% na venda de serviços e produtos dos postos, o que nos ajuda a atravessar esse momento. Então, é difícil, é sofrido, mas nos preparamos em 2016 e em 2017 atravessamos com dificuldades, mas ilesos. E aconteceu.
Toca os negócios com os filhos e a esposa
JLPolítica – Qual é o faturamento anual do grupo?
MS – Hoje, é na casa do R$ 350 milhões.
JLPolítica – Esse número é bom para um Estado como Sergipe?
MS – Sim. A tradução dele é que nós somos a empresa do setor que mais paga imposto estadual, o ICMS. O Grupo Presidente é o maior pagador de impostos do setor.
RIGOR NOS PRODUTOS PRESIDENTE
“Os nossos produtos são testados. Nós temos obrigação de guardar amostras testemunhais do que chegou. Tem, por lei, que estar tudo lacrado pela Petrobras, com nota fiscal, e temos guardar essas amostras por até cinco dias
JLPolítica – A Rede Presidente é meramente sergipana e, apesar de grande, não pensa em botar as asas para fora do Estado?
MS – Nós temos muito o que conquistar internamente no âmbito de Sergipe. Diariamente, surgem ofertas de compras de postos e oportunidades de construção em terrenos, e achamos que ainda há muito o que fazer dentro do próprio Estado.
JLPolítica – Quem escolheu este nome Presidente e por que?
MS – Escolhi esse nome por entender que todos nós somos presidentes, seja de uma empresa, da própria casa ou da própria vida. É um nome forte, e desde pequeno sonhava em ter uma empresa com esse nome. E deu certo.
O filho, Sandro de Miro, foi vereador em Aracaju. Ele participou ativamente das campanhas
JLPolítica – A rentabilidade do negócio de combustível é baixa, média ou ótima?
MS – A rentabilidade não é tanto quanto deveria ser. Estamos no varejo, que sofre variações enormes. Temos que investir muito na segurança, no transporte de valores, na mão de obra. A carga tributária é muito alta e o lucro em si é pouco para tudo isso. O volume do comercializado é que faz com que essa rentabilidade melhore, assim como os outros produtos agregados na atividade também.
JLPolítica – Nos planos do grupo para 2018, vem postos novos por aí?
MS – Sim. No dia 3, inauguramos o 21° posto da rede, que também pode ser creditado a 2018, num investimento de R$ 5 milhões e que vai gerar 40 empregos diretos. Um dia depois, no último dia 4, demos início à construção de mais um posto. Esse que está em construção é o 22º, portanto, e será na Aruana, e também será dotado de conveniência, auto center e outros serviços. É o que estamos utilizando como padrão agora. E temos mais três postos que já estão licenciados pelos órgãos de meio ambiente e da Prefeitura, para serem construídos. Não só em Aracaju, mas em Laranjeiras. Mas oportunidades de compra chegam a todo momento. O problema é que o mercado está realmente muito conturbado.
O ATENDIMENTO POR DIFERENCIAL
“Esses produtos combustíveis são commododities, aqui e no mundo todo. Os preços sempre causam polêmica, são um pouco idênticos uns aos outros. O que faz o diferencial, então, é o atendimento. É a gente procurar atender melhor o cliente”
JLPolítica – A pretensão do grupo é fechar 2018 com quantos postos?
MS – É provável que fechemos com 25 postos, com uma venda mensal aproximada de 8,5 milhões de litros. Hoje, o grupo vende 7,2 milhões litros mensais.
JLPolítica – O senhor não acha que os postos de combustíveis sergipanos e brasileiros são, na maioria dos casos, meio engessados, sem glamour ou espaço para lazer, como se se interessassem somente pelos negócios?
MS – Concordo. Mas é preciso informar às pessoas que o preço do metro quadrado numa cidade como Aracaju é muito caro, então quando a pessoa compra uma área, pensa logo em colocar as bombas de combustível, troca de óleo, escritório, banheiros e, se couber, uma loja de conveniência. Mas os nossos últimos cinco postos têm o auto center, seguindo a linha de que é preciso melhorar o lucro. Mas é desejo nosso explorar áreas de atividades de lazer, que acho que é interessante. Alguns postos em nível nacional têm botecos, com som ao vivo, pizzarias. O que nos impede isso aqui em Aracaju é o preço do metro quadrado.
Miro pretende ver seu Grupo ir de 21 para 25 postos nos próximos 12 meses
JLPolítica – É um bom negócio hoje, com todas as complicações das novas leis de motoristas de caminhão, ter uma frota própria para transportar combustível?
MS – Nós somos também transportadores da BR Distribuidora. Somos responsáveis pela entrega de todos os produtos da companhia em nível do Estado de Sergipe. Fazemos isso com a empresa própria, à parte do grupo, a Transpresidente. Somos transportadores de uma parte do combustível que vem da Bahia, porque o que é comercializado em Sergipe não vem nem em trem nem em navio e sim em caminhões. Portanto, independentemente desse serviço, a Rede Presidente é uma transportadora, porque somos responsáveis por buscar nosso próprio produto para atender à nossa demanda, que é alta.
JLPolítica – Ou seja, a Transpresidente também transporta combustível dos outros?
MS – Isso. Mas se isso um dia deixar de acontecer, a Transpresidente continuará transportando nosso próprio produto.
RESPONDER POR 850 EMPREGOS
“É de fato uma responsabilidade muito grande. Hoje a gente vê que é sofrido. Estamos num cenário de queda de vendas de combustíveis de 8%, embora tivéssemos um acréscimo de 30% na venda de serviços e produtos dos postos”
JLPolítica – Existe um segredo específico para fazer uma família de sete pessoas – cinco filhos, a mulher e o senhor – trabalhar unida?
MS – Creio que só mesmo o desejo da unidade. É uma família de filhos unidos em prol de uma atividade comercial, todos engajados no dia a dia. Todos trabalhamos na mesma sala, uma sala confortável, sem paredes-divisórias, que permite que todos fiquem juntos para tomar as decisões em conjunto. E acho que tratar bem o funcionário, respeitar o cliente é o que tem dado certo – porque é a partir do cliente que estamos conseguindo crescer as empresas e fazer com que funcionários cresçam também.
JLPolítica – O senhor se considera um empresário centralista?
MS – Não. Cada um dos meus filhos tem sua função, mas todas as decisões são tomadas em conjunto. As únicas coisas que posso dizer que centralizo são as ideias, porque grande parte delas surge na minha cabeça e aí eles colocam em prática. Eles dizem que o principal é ter a ideia. E Deus me deu essa visão desde sempre.
Foi cobrador de ônibus, motorista e mecânico
JLPolítica – Qual é a importância do Centro de Integração da Família, que o seu Grupo mantém, no equilíbrio social da sua família?
MS – Total. Desde quando tive condições de prosperar na vida, procurei ajudar as pessoas. Eu moro numa comunidade carente, entre os Bairros Olaria e Veneza há mais de 25 anos e sempre ajudei e estive presente nos eventos sociais das famílias. No Natal, sempre abríamos nossa casa para receber as crianças e as mães da comunidade. Quando meu filho Sandro se tornou vereador, prometeu a ampliação desse trabalho e a criação de uma instituição permanente que no dia a dia pudesse atender aos anseios do povo, com cursos profissionalizantes, atenção a idosos, crianças, enfim… e ele cumpriu. Dois anos depois, inauguramos o Centro. E quando ele deixou de ser vereador, adotamos a instituição como nosso projeto e nossa responsabilidade social. Criamos a troca solidária, que é um evento anual, e o Centro continua aberto, atendendo a muita gente. Sandro é o presidente e conta com uma equipe preparada de gestoras, psicólogos, assistentes sociais, pedagogos. Cerca de sete mil pessoas são atendidas por ano.
JLPolítica – O Grupo Presidente foi feliz por esta opção com comunicação através de duas emissoras adquiridas?
MS – Foi feliz, sim. Devo dizer que esse é um sonho meu desde menino. Sempre gostei do rádio. Sou um ouvinte apaixonado, espacialmente pelo rádio AM. E realizei um sonho. No final de 2016, com a aquisição das duas emissoras da Rádio Liberdade, montamos, eu e meus filhos, um projeto de transformar o rádio, que tinha segmento adulto, em popular. Foi um desafio muito grande. Sofremos muitas críticas no início, mas fizemos isso porque acreditamos que para obter retorno na atividade teria que ser num segmento como esse. E bastaram 12 meses para conseguirmos provar que tomamos a decisão correta.
EXPANSÃO PARA O ANO DE 2018
“É provável que fechemos com 25 postos, com uma venda mensal aproximada de 8,5 milhões de litros. Hoje, o grupo vende 7,2 milhões”
JLPolítica – Então o balanço de 2017 foi positivo?
MS – Foi muito positivo, mesmo sendo em apenas 12 meses de funcionamento e a partir de uma mudança radical.
JLPolítica – O grupo pensa em adquirir novas empresas ou em locá-las?
MS – Olha, esse foi um sonho realizado. Criamos um portal de notícias, porque acreditamos que é o futuro e para dar voz e repercussão ao nosso programa, e agora não temos projeto para expansão na área de comunicação em 2018. Quem sabe num futuro.
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MAS RÁDIO NÃO É PARA A POLÍTICA
“Não tenho pretensão política e nenhum dos meus filhos tem. A família está voltada exclusivamente para as empresas e tem o rádio como instrumento de ajudar
JLPolítica – Qual é o conceito que o senhor tem de corrupção e que danos acha ela causa ao país?
MS – Para mim, a corrupção é o mal que atinge a sociedade. É vergonhoso ver o que o Brasil está passando por ela e por ela está impregnada. No entanto, não é de hoje que a gente ouve falar dela. Mas vejo que há uma luz no fim do túnel. Os nossos órgãos de controle estão cada vez mais buscando coibir essas práticas. Nos últimos cinco anos, houve vários exemplos disso. E eu tenho esperança de que o Brasil possa passar a ser um grande país, e que possa crescer.
ASSISTA:
Video institucional sobre responsabilidade social na Rede Presidente, com imagens das atvidades do Centro de Integração da Família – Ceinfa. É do ano de 2012
JLPolítica – O senhor não considera o rádio, enquanto meio, um veículo em dificuldade com as novas tecnologias?
MS – Não. Acredito que entre os meios de comunicação de massa o que tem sofrido menos com as plataformas digitais é exatamente o rádio. A gente vê que há utilização dos aplicativos ligados a ele. Acho que a televisão está sofrendo mais. O rádio tem uma projeção muito forte por ser imediatista e o mercado publicitário está mostrando isso para nós.
JLPolítica – O senhor montou rádio para ter lado político?
MS – Não. Não tenho pretensão política e nenhum dos meus filhos tem interesse. A família está voltada exclusivamente para as empresas e tem o rádio como instrumento de ajudar as pessoas a obter informação e lucro em seus negócios.
O RÁDIO É SONHO DE INFÂNCIA
“Sempre gostei do rádio. Devo dizer que esse é um sonho desde menino. Sou ouvinte apaixonado, espacialmente do AM. E realizei um sonho. Foi um desafio muito grande. (Mas) bastaram 12 meses para conseguirmos provar que tomamos a decisão correta”
JLPolítica – Há quem ainda pense que seu filho Sandro de Miro, por ter sido vereador de Aracaju, ainda volte à política. O senhor acredita nisso?
MS – Eu vejo ele muito bem realizado como pessoa e empresário. Gosta de participar, de conversar, mas também vejo que ele não demonstra mais vontade nenhuma em ser votado, mas sim de participar do processo democrático votando, como cidadão. Mas não sinto nenhuma movimentação da parte dele em ser candidato.
JLPolítica – O senhor está solidário a essa visão dele?
MS – Sim, o Grupo precisa que ele assim pense e se comporte. Acho que essa decisão dele foi importante. Em 2008, quando Sandro resolveu anunciar a saída da vereança, e para ele foi importante passar pelo parlamento, viu ali que aprendeu bastante e serviu como experiência para trazer esse aprendizado à empresa e à retomada do crescimento a partir de 2009.
Fonte: jlpolitica.com.br/entrevista/miro-santos-o-senhor-dos-combustiveis